Às vezes chega-me uma vontade imensa de voltar a ser
criança.
Conseguir admirar
a beleza de tudo e todos, mesmo quando não se ostenta tão nítida.
Não ver a
maldade escondida e ao mesmo tempo tão a mostra.
Perdoar
fácil e esquecer rápido.
Ficar horas
em frente ao espelho, admirando cada pequeneza do corpo, sem máscaras, sem
maquiagem, sem roupas a cobrir as vergonhas, observando cada mudança, cada
nascimento de diferenças, estranhas e tão belas.
Lembro-me
que ficava vez em quando deitada no chão, olhando o telhado, fantasiando
estrelas, imaginando o ceu, todo um iluminar por trás daquilo que via, e amava
tudo, vontade de deitar-me no chão
novamente, crer que existe algo além daquilo, sem ser chamada de louca, sem
olhares me fitando como se eu fosse a pessoa mais estranha do mundo.
Chorar sem
resistência, sem importar-me com
o nariz a ficar vermelho, acreditar que tudo vai mudar no outro dia, que lágrimas curam e lavam a alma, mas o sorriso impede o provocar delas.
Sentir
comigo aqueles amigos de infância, que estavam sempre ali, mesmo quando
brigávamos, mesmo quando minha teimosia por algo causava tanta confusão, aquela
cumplicidade, união, carinho, e acima de tudo compreensão, nos compreendíamos sempre,
apesar das tempereis todas, sinto falta dessa magia, dessa verdade, dessa calmaria e sossego que era viver...
Lúria Stael