domingo, 15 de maio de 2011

Metade








Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca; 
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada 
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta 
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso 
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria 
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...

E que a minha loucura seja perdoada 
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.


Por Oswaldo Montenegro

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O amor que se foi.....






Passei a conhecê-lo melhor, observando seu andar, seu olhar, seus lábios, seu corpo. Observando comentários, palavras e gestos não direcionados a mim.
Ao ver que seu olhar se direcionava a outros olhares, ao sentir que seus desejos estavam interligados em outros desejos, os que não eram os meus.

O conheci melhor, ao descobrir o que ele fazia sem estar comigo, o que ele dizia a meu respeito, ao fita-lo enquanto dormia, ao amá-lo enquanto não percebia a dimensão do meu sentimento, enquanto nem ao menos sentia o mesmo por mim.

Analisando cada rastro seu,  cada pegada que por raras vezes vinha ao meu encontro. E quando vinha, hoje percebi, que era apenas restos, pedaços de pedaços sem intensidade, sem gosto, sem prazer, sem vida, sem sentimento, que não me servia.

Comecei a conhecê-lo melhor, por seus descuidos de pensamentos e da língua que cedia as mais secretas perguntas instaladas em meu intimo. Por meio de meu eu curioso e indagativo, por meio de minha alma que clama pelo extremo, pelo verdadeiro, pela perfeição do mais elevado sentimento.

O que eu descobri, fez-me cair em pranto, me magoar, me ferir, mas perdoei.  E o amor que eu sentia, também derramou suas lágrimas, se feriu, se magoou, perdoou, mas se foi.


Lúria Stael
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